Italianos-Pão de Açucar, K2-Corcovado e Costão

linha do K2

Coringa/Costão face leste

linha das vias Italianos/Travessia para esquerda/Secundo

muita gente deve procurar informações sobre a via dos italianos, na face oeste do pão de açucar, então eu resolvi fazer um textinho pra quem ta afin de ir la pela primeira vez.

o guia da urca do daflon é bibliografia necessaria e os croquis estão cada vez mais detalhados. as vezes ate detalhado demais, o que me faz preferir os croquis da terceira edição aos da quarta. o bom é saber em detalhes a localização do crux e o tamanho de cada enfiada.

o italianos tem duas enfiadas e a primeira enfiada é um pouco mais dificil que a segunda. o crux da via fica bem no meio da primeira enfiada quando a rocha fica mais em pé e você se vê obrigado a ir de um lado pro outro em busca das agarras de pé, ainda que a grampeação fique numa linha bem reta. o crux em si, hoje em dia, é o final dessa retinha onde a inclinação cai, você pisa o pê direito num batente em froma de sorriso e o esquerdo fica sem enchergar, por causa da rocha vertical, e suas mão estão em micro agarrinhas a cima da linha do grampo de 1/2 que proteje o lance. o move em sí é subir MUITO o pé esquerdo um pouco mais alto que o grampo (a um palmo de distância dele) e tranferir todo o peso do corpo nesse pé e se erguer todo numa perna só, e com ajuda das micro agarras de mão, lógico! é um lance de leitura, mais do que exigência técnica. eu digo hoje em dia por que se você reparar quando estiver pisando no sorriso, vai ter uma rampa para um platô/rampa para direita. um lance de aderência para o pé direito longe e volta pra linha pra esquerda. esse era o lance original do arnaud.

a segunda enfiada não tem um crux mais apimentado como a primeira, ela é constante e menos protegida. você vai se ver mais longe dos grampos, coisa que na primeira você nunca passa. chega no platô de encontro com o cabo e acabou italianos.
a travessia para esquerda sai do plato do italianos/cepi. muita gente faz em duas enfiadas, mas dá pra fazer em uma só até a parada do secundo com uma corda de 60. essa próxima enfiada é na minha opinião a mais gostosa da face oeste, e muita gente chama ela de "mar de agarras". tem uma parada no meio, ou dá pra parar mais em cima, quase no mato, onde existe um grampo de meia e um sólido grampo original de uma polegada logo ao lado, perto de um diedrinho a direita e ja rodeado de bromelias. poucos metros e o platozão, andar pra direita. última enfiada é o diedro, que sai pra direita e volta pra esquerda no final e cume!

agora o K2:

a segunda via mais classica do rio é o K2. vamos a descrição da via, enfiada por enfiada, lembrando que existem N maneiras de dividir a via. vou tentar fazer da maneira mais comum (que da pra fazer com corda de 50 ou 60 metros).

mais uma vez a bibliografia do daflon se faz necessaria, facilita encontrar a base da via, coisa que eu não me proponho aqui.

a primeira enfiada é sem duvida a mais maneira e mais dificil também. é bom sair sabendo disso, por que psicologicamente a pessoa vai preparada pra cada enfiada ficar mais tranquila. muito reconfortante. 

existe um grampo de 1/2 logo ao lado de um arbusto, na base da via, onde o segurança pode asegurar ensolteirado, uma opção que eu pessoalmente não uso. 

a saidinha é numa pequena calha de mato que culmina numa ponta de pedra. logo acima da ponta está o primeiro grampo. se a costura for muito curta dá um pouco de atrito na corda, ai começa o diedro propriamente. todo diedro é como um livro aberto, a questão é a inclinação das faces desse diedro, que vão tornar a coisa mais ou menos dificil, e o encontro entre uma face e a outra, que pode ser cego (sem fenda) ou ter fendas/agarras. nesse caso o diedro tem o lado direito vertical e o lado esquerdo positivo, tem uma fenda relativamente profunda que segue toda a linha e agarras eventuais que aparecem e somem.

a técnica é manter as mão próximas, o pé direito também por ali e o esquerdo bem aberto, tem que fazer oposição entre as mãos e o pé direito (que empurra a rocha sem necessidade de agarras para pisar: o lance é chapar o pé) e usar o pé esquerdo aberto para dar estabilidade, não deixar a "porta abrir".

depois vem a famosa horizontal, que não é dificil mas é exposta. trabalhando bem os pés se vai tranquilo. pela primeira vez na via vale fazer somente a horizontal e parar de novo, fica um micro esticão de uns 8 metros.

o proximo lance é uma aderência com grampeação meio longe, eu lembro que nas primeiras vezes que eu fui no italianos a via tinha bem menos grampo e o K2 bem mais! tinha alguns grampos intermediando esse trecho. mais um diedrinho que a tesoura pode dar uma ajuda gigante (manter uma perna em cada lado do diedro fazendo força lateralmente, como uma tesoura aberta) e um lance pra direita. eu acho que essa ida pra direita, que você fica obrigado a abrir os braços e tatear em busca de agarras à direita, é o tal do lance do crucifixo, por que é como estar abraçanco a montanha, tipo cristo na cruz. aderencias delicadas e o mato que precede o plato do palavrão. parada dupla muito confortavel.

o lance do palavrão é mais um diedro que deve ser feito meio em oposição meio em agarras e não tem proteção pra tirar o fator. se quiser levar um camalot .4 protege bem, mas se der mole cai no platô de qualquer jeito. molhado é que fica ruim…

depois do palavrão (que parece mais facil do que é), a via fica facil mais a orientação fica mais complicada. os grampos somem e a pessoa a vista pode ficar desorientada. o croqui é uma ferramente que ajuda muito. depois de um dominio e uma horizontal pra esquerda chega-se no platô (seg na árvore) abaixo dos blocos de contenção de concreto. uma retinha de 4, 5 grau e acabou o K2. show. segue a "trilha" pela matinha e capim colonião até a estátua de um cara de braços abertos.