comunidadodafemerjsobreacidentenocepi

A
 Federação
 de
 Montanhismo
 do
 Estado
 do
 Rio
 de
 Janeiro
 (FEMERJ)
 vem
 pelo
 presente
 apresentar
 algumas
 informações
relacionadas
ao
acidente
fatal
que
ocorreu
no
dia
2
de
dezembro
de
2012,
na
via
denominada
CEPI,
 situada
na
face
oeste
do
morro
do
Pão
de
Açúcar,
que
vitimou
o
escalador
Bruno
da
Silva
Mendes. A
Via
CEPI
 foi
conquistada
em
1952,
quando
as
vias
eram
predominantemente
equipadas
com
cabo
de
aço: as
 “vias
ferrata”.
As
aberturas
de
vias
ferratas
eram
comum
até
década
de
60,
quando
os
equipamentos
disponíveis
 limitavam
a
escalada
livre
às
fendas
mais
largas
e
chaminés.
Desta
forma,
as
vias
em
cabo
de
aço
eram
a
opção
 para
os
paredões
rochosos.
Com
o
desenvolvimento
dos
equipamentos
e
da
técnica
de
escalada
em
livre
sobre
a
 rocha,
as
conquistas
em
cabo
de
aço
vão
sendo
abandonadas
e
as
vias
ferratas
começaram
a
ser
substituídas
já
 na
 década
 de
 60.
 A
 via
 CEPI
 segue
 um
 trajeto
 de
 cerca
 de
 220m
 de
 extensão,
 tendo
 sido
 a
 terceira
 via
 conquistada
que
dá
acesso
ao
cume
do
Pão
de
Açúcar,
e
acumula
a
maior
quantidade
de
acidentes
em
vias
de
 escalada
deste
morro.
O
primeiro
acidente
foi
registrado
ainda
em
1952,
com
dois
óbitos.
 A
 menor
 exigência
 técnica
 de
 uma
 via
 ferrata
 acaba
 atraindo
 outro
 perfil
 de
 frequentadores
 para
 a
 via
 CEPI,
 propiciando
 a
 ascensão
 de
 pessoas
 muitas
 vezes
 sem
 experiência
 e/ou
 equipamento
 adequado
 que
 se
 aventuravam
por
essa
via,
aproveitando‐se
da
falsa
sensação
de
segurança
que
o
cabo
proporciona,
essa
situação acabou
levando
a
ocorrência
de
acidentes
fatais.
Esta
situação
motivou,
no
final
da
década
de
90,
a
substituição
 dos
 primeiros
 sete
 metros
 do
 cabo
 de
 aço
 por
 um
 artificial
 fixo,
 obrigando,
 assim,
 o
 uso
 de
 equipamento
 de
 segurança
e
conhecimento
 técnico
por
aqueles
que
 subissem
por
esta
via.
Essa
ação
 fez
com
que
os
acidentes
 diminuíssem
drasticamente,
não
havendo
registro
de
acidentes
fatais
até
o
último
domingo.
 Assim
 como
 qualquer
 via
 de
 escalada,
 o
 CEPI
 (“via
 ferrata”)
 também
 exige
 uma
 manutenção
 constante
 – manutenção
esta
realizada
pela
comunidade
de
escaladores,
assim
como
em
outras
partes
do
mundo.
A
última
 manutenção
do
CEPI
que
se
tem
registro
foi
em
2011
e,
previamente,
em
2009,
quando
foi
trocado
o
segmento
 de
cabo
de
aço
dos
últimos
trechos,
incluindo
o
trecho
horizontal
do
último
esticão. Com
 o
 intuito
 de
 entender
 o
 que
 aconteceu
 e
 poder
 prevenir
 próximos
 acidentes
 similares,
 a
 FEMERJ
 está
 analisando
os
fatos
ocorridos,
e
as
melhores
informações
disponíveis
até
o
momento
são
relatadas
abaixo. O
 acidente
 que
 culminou
 com
 o
 falecimento
 do
 escalador
 Bruno
 da
 Silva
 Mendes
 ocorreu
 entre
 as
 13:00
 e
 14:00hs
do
dia
2
de
dezembro
de
2012.
Bruno
havia
escalado
com
Andrea
Pereira
a
via
dos
Italianos,
também
na
 face
oeste
do
Pão
de
Açúcar,
e
continuado
pelo
cabo
de
aço
da
via
CEPI
com
a
intenção
de
chegar
ao
cume
da
 montanha.
Pelo
que
 foi
 relatado
por
conhecidos
dos
escaladores,
ambos
possuíam
 treinamento
em
escalada
e
 conhecimento
de
seus
procedimentos
básicos
de
segurança.
Quando
faltavam
menos
de
50
metros
para
o
final
 da
escalada,
o
cabo
de
aço
que
Bruno
estava
escalando
sofreu
uma
ruptura,
e
ele
caiu
todo
o
comprimento
da
 corda,
de
cerca
de
70
metros
(comprimento
ainda
não
confirmado).
 No
 próprio
 dia
 2
 de
 dezembro,
 uma
 equipe
 da
 FEMERJ
 composta
 por
 dois
 guias
 da
 Associação
 de
 Guias,
 Instrutores
 e
 Profissionais
 de
 Escalada
 do
 Estado
 do
 Rio
 de
 Janeiro
 (AGUIPERJ),
 fez
 uma
 inspeção
 no
 local
 e
 constatou
que
houve
de
fato
uma
ruptura
do
cabo
de
aço
da
via
CEPI,
no
início
da
última
horizontal,
a
menos
de
 50
metros
do
cume.
Neste
trecho,
o
cabo
é
mais
fino
e
estava
coberto
com
uma
mangueira
plástica,
sendo
que
a
 última
manutenção
ali
foi
realizada
em
outubro
de
2009. Segundo
relato
de
Andrea
Pereira,
ela
estava
em
um
grampo
abaixo
do
início
da
horizontal
do
cabo
de
aço.
Bruno
 escalou
 esse
 trecho,
se
 utilizando
 do
 cabo
 de
 aço
 e
 sem
 costurar
 nenhum
 grampo,
 incluindo
 o
 direcional
 na
 parada,
com
a
 segurança
montada
com
um
 freio
ATC.
Apesar
de
um
gri‐gri
 ter
 sido
utilizado
como
método
de
 segurança
na
via
dos
Italianos,
no
CEPI,
Bruno
havia
 solicitado
Andrea
para
utilizar
o
ATC
para
que
agilizasse
a
 segurança. Ao
chegar
no
trecho
em
horizontal,
entre
4
a
6
metros
acima
de
Andrea,
o
cabo
de
aço
se
rompeu
e
 Bruno
caiu,
em
fator
dois.
Cabe
ressaltar
que,
segundo
relatos,
Bruno
pesava pelo
menos
90
kg
e
a
corda
utilizada
 era
nova,
sendo
que
era
a
2 a 
vez
que
estava
sendo
utilizada.
O
freio
–
ATC
–
que
estava
no
baudrier
de
Andrea
se
 deslocou
para
baixo,
seguindo
o
trajeto
da
queda.
Com
o
movimento
e
o
impacto
da
queda
de
fator
dois,
a
corda
 correu
no
ATC,
queimando
a
mão
de
Andrea.
Bruno,
então,
caiu
o
comprimento
total
da
corda.


 No
dia
05/12,
dois
escaladores,
sendo
um
representante
da
FEMERJ,
deram
apoio
à
vistoria
de
perícia
da
Polícia
 Civil
no
local
do
acidente,
quando
foi
retirado
o
trecho
do
cabo
onde
houve
a
ruptura
para
análise
e
foi
realizada
 a
interdição
formal
do
CEPI,
ambos
pela
própria
Polícia.
Foi
colocado,
também
pela
Polícia,
um
aviso
na
base
da
 via
sobre
a
interdição. A
 FEMERJ
 solicita
 que
 não
 se
 escale
 a
 via
 CEPI
 até
 a
 liberação
 da
 mesma
 pela
 polícia.
 Após
 a
 liberação, recomendamos
que
se
redobre
a
atenção
para
a
avaliação
do
cabo,
conforme
os
alertas
existentes
desde
2009
 sobre
o
assunto
no
site
oficial
da
federação
(http://femerj.org/noticias/noticias/183‐femerj‐fixa‐placas‐de‐alerta‐ na‐via‐cepi‐e‐na‐face‐norte‐do‐morro‐da‐urca)
 e
 que
 se
 utilize
 procedimentos
 de
 escalada
 em
 livre
 para
 segurança
 nesta
 escalada,
 costurando
 a
 corda.
 Lembramos
 que
 cabe
 a
 cada
 escalador
 avaliar
 o
 estado
 das
 proteções
fixas
(chapeletas,
grampos,
cabos
de
aço,
etc.)
ao
escalar,
bem
como
realizar
treinamentos
constantes
 de
segurança.
 A
FEMERJ
continuará
acompanhando
o
desdobramento
dos
acontecimentos
e,
como
usualmente,
se
encontra
a
 disposição
para
qualquer
esclarecimento
a
respeito
das
práticas
do
montanhismo.
Destacamos
que
a
segurança
 em
escalada
é
ditada,
largamente,
pela
formação
do
escalador
e
sua
experiência.
Porém,
ressalta‐se
que
todos,
 independente
da
 formação
e
experiência,
estão
sujeitos
a
acidentes,
pois
a
escalada
em
rocha
é
uma
atividade
 com
riscos
inerentes
e
pode
ocasionar
lesões,
incluindo
a
morte.
Seus
participantes
devem
ter
conhecimento
dos
 riscos
 envolvidos,
 minimizá‐los
 e,
 por
 fim,
 aceitá‐los,
 sendo
 responsáveis
 por
 suas
 próprias
 escolhas,
 ações,
 decisões
e,
consequentemente,
sua
segurança. Lembramos
 que
 cada
escalador
e
montanhista
 deve
 ser
 responsável
 por
escolher
 seus
 próprios
 desafios
e
 seu
 nível
 de
 comprometimento
 de
acordo
 com
 sua
experiência
e
 capacidade
 técnica,
 tornando‐se
 responsável
 por
 sua
 própria
 segurança.
 Esse
 é
 um
 dos
 princípios
 mais
 intrínsecos
 ao
 montanhismo
 e
 está
 declarado
 no
 documento
Princípios
e
Valores
do
Montanhismo
Brasileiro
 Concluímos
enviando
nossas
condolências
e
pesares
à
família
de
Bruno
da
Silva
Mendes
e
se
solidarizando
com
a
 dor
de
Andrea
Pereira
nesse
momento
tão
difícil. DIRETORIA
DA
FEMERJ

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