To com um tempinho agora então vou escrever um bocado sobre essa coisa de um artista que curte vela e faz da vela objeto de pesquisa artistica.



Quando eu era garoto, tipo dez onze anos o pai de um amigo, o Dudu Castelões, tinha um 32 pés e a gente saiu algumas vezes para velejar. Me lembro que o motor não pegava muito bem e a gente tinha que fazer tudo na vela, sair da vaga, sair da marina, curtir, voltar pra marina e para o barco na vaga, tudo isso sem o auxilio do motor. Era um pouquinho de stress essa coisa do motor, mas eu adorava o silencio. Eu gosto de carro e de moto, mas barco a motor é uma merda. Eu fico enjoado fácil, se o motor estiver ligado então... fudeu é ir para a popa e vomitar pra caramba.


Aí, já na faculdade pintou o Odoiá. O Felipe Pinho, meu brother da facul e seu irmão Ugo, compraram esse atoll 22 e leveram praticamente um ano recuperando o barco. O interior tava detonado, o mastro tava arriado e sem estais, a situação era calamitosa mas tudo foi sendo resolvido aos poucos e manualmente. Cheguei a ir na poita que ele ficava algumas vezes nesse processo de reforma. Quando o barco ficou velejavel começamos a curtir, uns amigos do Ugo deram um jogo de velas velhas de presente para o Odoiá e nós aproveitamos a beça... as velas tavam bem fudidas, mas inteiras. Era mais uma questão de visual, claro que a performance de uma vela novinha vai ser sempre melhor do que uma vela já toda frouxa, deformada... mas o fato é que nós não estávamos nem aí para as velas encardidas. O mundo dos veleiros é cheio de glamour, muita birita e frescura, coisa que a gente nunca deu muita importância ate por que a galera sempre foi muito mais da ganja do que da birita, e quanto ao glamour, a gente cagava mesmo. Esse barco agora esta desmontado em vitória, parece que esta sendo reformado de novo, não sei...


Em 2006 eu fiz uma exposição individual na gentil carioca onde eu criei o mini clube de mini cruzeiro do rio de janeiro, um clube de um so barco. Um laser, ou melhor: um mistral que é um laser com cockpit maior, que não pode ser considerado oficialmente como um laser, para efeito de regata. Mas o nome do clube é mimi clube de mini cruzeiro. Eu estou e sempre estarei cagando e velejando para regatas. A idéia era utilizar esse barco como uma escolinha de vela. E assim foi. Eu, o mingo meu parceiro de escaladas e aventuras com o burrinho, o Felipe, o Adriano melhem, o Guga Ferraz, a francini barros, a Helena bitencur, o Jarbas Lopes, o Helmut e mais gente que agora não to me lembrando poderam aprender e/ou melhorar seus conhecimentos de vela com esse barquinho. Ate o dia que a grana ficou curta para pagar a vaga da marina. A marina do rio é muito cara. Pelo serviço que eles oferecem é caro demais. E fica sempre parecendo que eles tão te fazendo o favor de arrumar uma vaga pro teu barco. Não é favor nenhum, especialmente quando eu to pagando, e caro pedir profissionalismo. Mas no rio de janeiro é pedir demais sim. É uma merda. O que revolta mais é que a marina é uma concessão, ela na verdade é da cidade do rio, mas as empresas que administram são umas máfias, puta que pariu! uma vez eu tava velejando sozinho, e tava rolando uma regata, eu estava fora da raia, mas quando o primeiro barco, o que tava ganhando, veio se aproximando da boia para contornar, o timoneiro gritou para mim: "sai daí, filho da puta!". to contando isso só para voces verem como esse regateiros são uns babacas, eu nem tava no rumo deles! e tem mais, por que eles teriam mais direito do que eu de estar ali? pelo esporte? vai tomar no cú. eu conheço as leis de preferencia e posso te dizer sem sombra de duvida: eu não estava em rota de colisão nem perto de estar dentro da rais desses palhaços pro cara me chingar. nesse ponto a gelera da montanha é mais legal.
Bom, eu nem cheguei no paradox, mas antes eu tenho que falar do Ancorauê. Meu brother Andrew e seu pai Don, tem esse 36, um bb36. o barco é ótimo, super confortável e bem equipado, por algumas ocasiões demos altas velejadas pela baia de Guanabara, itaipu e caguarras. Outro dia eles me convidaram para ir a vitória ajudar a trazer o Ancorauê de volta pro Rio. E assim foi. Vou contar para vocês alguns detalhes dessa viagem por que valhe a pena. Saímos de la na hora do almoço com vento contra e ondas medias, também contra. As primeiras 6 horas foram assim. Daria para velejar, mas teriamos que pegar um rumo la pra fora do oceano e vir orçando, cambando, lutando contra as ondas e o vento, então o Don decidiu motorar. Me fudi, foram 8 horas passando mal pra caralho, cheguei a pensar se essa coisa de mar não era pra mim. Mas como qualquer aventura, quando o perrengue passa fica só o prazer, como uma peia de Ahayuasca, você fica na duvida se vai agüentar, mas agüenta e depois fica tudo lindo. Foi assim, no total foram 50 horas de travessia, sem a típica escala em búzios, viemos direto. No final velejamos as ultimas 22 horas sem para, num través gostoso, chegamos a 8 nós. Uma delicia...


Agora o paradox: foi engeçado quando eu contei que queria construir um barco de 14 pes pro Paulo Paes(outro artista plastico viciado em barcos), ele disse na hora: “não é o paradox não, é?”. Ele tinha acertado na mosca. Bom, de certa forma eu cheguei ao matt layden por causa dele. Ele tinha me mandado pesquisar na net sobre dois boat designers: phil bolger e Jim michalak. A idéia de viajar em barcos pequenos não é previlegio de nenhum de nós, já se deu a volta ao mundo em barcos muito pequenos, como é o caso do Acrohc, de sergio teste, que escreveu um livro incrivelk que eu li. Nessas buscas na net eu descobri um site só sobre barcos pequenos, chama-se smallfamousboats.com, e lá eu descobri o sven Yrvind. Esse cara mudou minha vida, se tiverem tempo da uma busca no google com o nome dele que você acha o site onde mostra as suas historias e o presente projeto do cara.


Ele já ta com mais de 80 e ta cheio de gás...bom, la no meio dos textos do sven, eu achei uma carta onde ele babava o maior ovo de um tal de matt layden, dizendo que os barcos dele eram o que havia de mais revolucionário em termos de design dos últimos cem anos!


Caralho! Descobri uma mina de ouro! (foi o que pensei) e dentre todos os barcos do matt, me apaixonei pelo paradox. Agora que eu meti a idéia de contruir um paradox, fudeu: parece uma doença, eu só penso nisso. Mas por que esse barco é tão fantástico? Os motivos são muitos, mas vou tentar enumerar: o barco tem somente 14 pes e tem acomodação para um tripulante em travessias longas ou para um casal pequeno ficar perambulando pela ilha grande, por exemplo; tem perto da cana de leme uma cozinha com fogareiro de uma boca, é feito para ser comandado de dentro da cabine, tanto o leme quanto a vela podem ser regulados enquanto o misto quente sai do tostex, o barco é capaz de velejar em somente trinta centímetros de profundidade (ao contrario de todos os outros veleiros o paradox não tem quila nem bolina, tem um negocio que o matt inventyou e batizou de chinerunners e tem a função de não deixar o barco lateralizar, ir para frente), a vela pode ser facilmente rizada, é uma lugail chinesa totalmente contemporanea já que a retranca enrola a vela em volta de si mesma; os reservatórios de água tem capacidade para 70 litros! tem um que tem torneirinha e uma pia perto da cozinha! Talvez eu esteja deixando passar algo, mas o barco é foda mesmo! Já existem 150 paradox pelo mundo, e os donos se mostram muito satisfeitos.
tem fotos aqui de paradox pelo mundo todo: eua, inglaterra, australia, alem do proprio paradox original que o matt veleja a varios anos e ja foi para o caribe. o barco foi feito para navegação costeira, não é barco para cruzar oceano, mas ja foram feitas travessias e trips inacreditaveis nesse bichinho. 


Galera, quando me ocorrrer alguma coisa eu escrevo mais, por hora ta bom. Obrigado pela paciência, quando der vou traduzir esse texto pro inglês.

6 comentários:

  1. Pois é camarada concordo geral, fiz um cursinho de vela, e procuro um barquinho já um bom tempo mas sempre encontrando essa dificuldade de encontrar um vaga nos clubes e marinas aqui do RJ
    é necessário que a mentalidade mude pra que a vela consiga evoluir popularmente no BR.Gostei do Paradox, vou dar uma pesquisada no projeto.Valeu!

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  2. carlos,
    não sei se você é do Rio, se for escreve um e-mail pra mim que eu te mostro o projeto do Paradox. São uns desenhos lindos em A3; acabo de voltar da Bahia e a vontade de construir o Paradox voltou com força total! o nordeste é perfeito, ou melhor esse barco é perfeito pro nordeste, encalhar o barco, acampar na praia, fogueira...
    abraço,
    Ducha

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  3. Oi Ducha, como vai?
    Estou procurando seu contato para escrever um email, mas não estou encontrando, será que vc poderia me passar?
    sou formanda em artes visuais na EBA, preciso muito falar com vc.
    por favor, aguardo uma resposta
    biabutonso@gmail.com

    brigada, té logo

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  4. Olá amigo você tem o projeto deste veleiro?

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  5. Olá meu amigo como faço para adquirir o projeto do paradox? Já procurei eu não acho.

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  6. Olá meu amigo meu nome é Weylerson, como faço para adquirir o projeto do paradox? Já procurei na net mas não achei , pode me ajudar ? weylerson@gmail.com. Meu zap 63 992001695. Obrigado.

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